"Edson Dantas foi um dos últimos românticos ingênuos. Depois dele vieram o Estado Islâmico, os marchands e os galeristas. Encontrei Dantas na Padaria das Famílias, num domingo desamparado dos anos 1980, vendendo uma gravura pelo equivalente ao preço de uma garrafa de cachaça. Dantas foi assassinado pelo Sistema (ou panelinha) formado por marchands inescrupulosos, galeristas dedicados ao money washing, amigos de faca nas costas, capitalismo que transforma merda em ouro e ouro em merda. Dantas foi desaparecido pelos interesses de imbecis sem talento, por arrivistas dos órgãos governamentais que agem com a arte como os políticos agem com a seca no Nordeste. Dantas tinha talento, era arguto, crítico e independente - crimes que são punidos com a pena de morte. Com seu desaparecimento, perdeu o mundo. Venceu esse Sistema que eleva à categoria de divindade medíocres que não teriam background sequer para pintar cartazes do tipo "vende-se Fusca ano 68". A "estrutura" é montada para vender. Tanto vende um Neymar debilóide que no máximo deveria se apresentar em circo fazendo "embaixadinhas", somente porque é apoiado por uma plêiade de "admiradores" (jornalistas, empresários e futebolistas que têm porcentagem de participação em suas vendas); como vende um negro racista tipo Uncle John como Pelé, admirador de milicos ditadores, que não teve o caráter de visitar a filha feita fora do casamento, quando morria de câncer em um hospital - mas não pode admitir a existência de um Edson Dantas que estava cagando e andando para tudo isso. Literalmente. Na prática. Um dia, abaixou as calças no Largo de Guimarães e defecou em público. Edson Dantas estava acima da mediocridade imperante no Brasil. É impossível vencer a imbecilidade, porque esta é imune ao argumento." Comentário deixado neste blog pelo artista plástico e escritor, autor de "A Fuga", "Os Fornos Quentes", "O Último Banido" e "Banho de Sangue". Atualmente, o ex-militante da ALN (Ação Libertadora Nacional) se dedica a terminar outro livro, sobre as guerrilhas na Argentina e no Brasil, Reinaldo Guarany.

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