Depoimento de Julio Cesar Machado


Existiriam outros artistas que se recusaram a aceitar o crepúsculo do simbolismo e, certamente como último mensageiros desse mundo moribundo, alicerçaram suas obras no sentido de resguardar o universo em que todos os grandes sonhadores habitaram.
Um desses artistas é, sem dúvida, Edson Dantas, escultor, pintor e desenhista, uma das mais interessantes criações da cultura brasileira.
Um artista, ser etéreo, quase monge, numa busca existencial e numa total liberdade criativa, sem fronteiras e nenhum compromisso com a contemporaneidade.
No Brasil, além de todos, ele compreendeu o cansaço da modernidade.
na realidade, os grandes sonhadores tiveram influência sobre ele e dessa forma, conforme foi aprofundando seu saber, o mundo onírico passou a ser também o seu. Essa opção não foi puramente estética. Mais do que isso, foi uma conduta filosófica, pois ele percebeu o perigo da morte dos grandes sonhos e com isto tornou-se um herdeiro desse mundo que quase desapareceu.
Suas obras são de um intenso misticismo e espiritualismo, tem para ele um sentido especial.
Religiosamente cético, ateu, absolutamente descrente, a sua obra é pura invocação onírica, talvez seja o mais místico dos pintores brasileiros.

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